Ibovespa renova máxima histórica após falas de Galípolo; dólar cai a R$ 5,65
Principal índice da bolsa brasileira ultrapassa os 130 mil pontos pela primeira vez, impulsionado por declarações do presidente do Banco Central sobre política monetária e cenário econômico.
ECONOMIA


O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, renovou sua máxima histórica nesta segunda-feira (19), ultrapassando os 130 mil pontos pela primeira vez. O movimento foi impulsionado pelas declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a manutenção da política monetária restritiva por mais tempo.
Às 16h30, o índice marcava 130.245 pontos, alta de 1,37% em relação ao fechamento anterior. Já o dólar comercial recuava 0,82%, cotado a R$ 5,65 na venda, menor valor em três semanas.
"As falas de Galípolo sinalizando que a Selic deve permanecer em patamar elevado por mais tempo foram bem recebidas pelo mercado financeiro, que vê nessa postura um compromisso com o controle da inflação", explica Pedro Menezes, economista-chefe da Valor Investimentos. "Isso aumenta a atratividade dos ativos brasileiros para investidores estrangeiros, que buscam maior rentabilidade em um cenário global de juros ainda elevados."
Durante evento com investidores em São Paulo, Galípolo afirmou que "faz sentido manter a Selic em nível restritivo por mais tempo", citando pressões inflacionárias persistentes e expectativas de inflação ainda desancoradas. Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,5% ao ano.
Entre as ações que mais contribuíram para a alta do Ibovespa estavam os papéis de grandes bancos, como Itaú Unibanco (ITUB4), com alta de 2,3%, e Bradesco (BBDC4), que avançou 1,9%. As ações da Petrobras (PETR4) também subiram 1,5%, acompanhando a valorização do petróleo no mercado internacional.
"O setor financeiro tende a se beneficiar de um cenário de juros mais altos por mais tempo, o que explica o bom desempenho dos bancos hoje", comenta Ana Leoni, analista da Ativa Investimentos. "Já a Petrobras se beneficia tanto da alta do petróleo quanto da queda do dólar, que reduz seus custos de importação."
O bom desempenho da bolsa brasileira contrasta com o cenário mais misto nos mercados internacionais. Nos Estados Unidos, os principais índices operavam sem direção única, com o Dow Jones em leve alta de 0,2%, enquanto o Nasdaq recuava 0,3%, pressionado por ações de tecnologia.
"O Brasil está se destacando hoje entre os mercados emergentes, com um dos melhores desempenhos globais", observa Menezes. "Isso reflete tanto fatores domésticos, como a sinalização do BC, quanto a percepção de que os ativos brasileiros estão relativamente descontados em comparação com outros mercados."
Para os próximos dias, analistas apontam que o mercado deve seguir atento a novos indicadores econômicos domésticos, especialmente os relacionados à inflação, e ao cenário externo, com destaque para as decisões de política monetária nos Estados Unidos e na Europa.
"O patamar de 130 mil pontos era uma resistência psicológica importante. Agora que foi superada, abre-se espaço para novas altas, desde que o cenário macroeconômico continue favorável", conclui Leoni.