
Inflação sobe em junho, estoura meta e BC deve enviar carta com explicações
A inflação no Brasil superou a meta estabelecida pelo Banco Central em junho, levando a autoridade monetária a ter que enviar uma carta de explicações ao governo. Apesar da queda nos preços dos alimentos, o impacto da energia elétrica e a persistência da inflação de serviços contribuíram para o resultado, gerando preocupações sobre o controle inflacionário no país.
ECONOMIA


O cenário econômico brasileiro enfrenta um novo desafio com a divulgação dos dados de inflação de junho, que revelaram uma alta que superou a meta estabelecida pelo Banco Central. Essa situação, que levou a autoridade monetária a ter que enviar uma carta de explicações ao governo, acende um alerta sobre o controle inflacionário no país. Apesar de uma leve desaceleração em relação a maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,24% em junho, conforme dados divulgados pelo IBGE.
O principal ponto de preocupação reside na taxa acumulada em 12 meses, que atingiu 5,35%, superando o teto da meta contínua de 3,0% (com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos) em todos os meses de 2025. Essa persistência da inflação acima do limite estabelecido pelo Banco Central exige uma análise aprofundada das causas e a implementação de medidas eficazes para reverter a tendência. A carta de explicações, que será divulgada publicamente, deverá detalhar as razões do descumprimento da meta, as ações que serão tomadas para garantir o retorno da inflação aos limites e o prazo esperado para que essas medidas produzam efeito.
Um dos fatores que contribuiu para o resultado de junho foi o impacto da energia elétrica. Apesar da queda nos preços dos alimentos, que recuaram 0,18% no mês, os custos da energia residencial dispararam 2,96%. Essa alta se deve, em parte, à bandeira tarifária vermelha patamar 1, que implica uma cobrança adicional nas contas de luz. A variação de 6,93% no primeiro semestre do ano para a energia elétrica residencial é a maior desde 2018, o que demonstra a pressão desse item sobre o orçamento das famílias brasileiras e a necessidade de políticas que busquem um equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia.
Outro ponto de atenção é a inflação de serviços, que continua resiliente, impulsionada pela força do mercado de trabalho e pela renda elevada. Em junho, a inflação de serviços atingiu 0,40%, um aumento em relação ao mês anterior. Contribuíram para esse resultado os avanços na passagem aérea e no transporte por aplicativo, além da alimentação fora do domicílio. A persistência da inflação nesse setor indica que a demanda por serviços continua aquecida, o que pode dificultar o controle inflacionário e exigir medidas mais incisivas por parte do Banco Central.
Diante desse cenário, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual no mês passado, atingindo 15% ao ano. A expectativa é que a taxa permaneça inalterada por um período prolongado, visando conter a inflação e trazer os preços para dentro da meta. A próxima reunião da autarquia, no final de julho, será crucial para definir os próximos passos da política monetária. A pesquisa Focus do BC indica que o mercado espera que o IPCA encerre este ano com alta de 5,18%, com a Selic mantida em 15%, o que reforça a necessidade de um acompanhamento constante e de ações coordenadas para garantir a estabilidade econômica do país.
