
Insatisfação no Congresso: Derrota do Governo Lula na Derrubada do IOF Revela Crise na Base Aliada
A derrubada do decreto do IOF pelo Congresso Nacional expôs um mar de insatisfações entre parlamentares, com líderes como Hugo Motta e Davi Alcolumbre expressando críticas à articulação do governo Lula. A derrota histórica sinaliza a necessidade de uma nova estratégia de diálogo do Executivo com o Legislativo.
DESTAQUEPOLÍTICA


A semana política foi marcada por uma derrota histórica para o governo Lula no Congresso Nacional, com a derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Este revés, o primeiro desde 1992 (na gestão de Fernando Collor de Mello), não foi um evento isolado, mas sim o ápice de um crescente mar de insatisfações entre os parlamentares da base aliada. A situação expôs a fragilidade da articulação política do governo e a necessidade urgente de uma reavaliação de sua estratégia de relacionamento com o Legislativo.
Dois episódios recentes foram a “gota d’água” para a crise. De um lado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), demonstrou irritação com as críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos deputados. Do outro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou a estratégia do governo de transferir para o Congresso a responsabilidade pela derrubada dos vetos a “jabutis” do projeto de eólicas em alto-mar. Essas insatisfações, no entanto, são apenas a ponta do iceberg de uma série de reclamações que vêm sendo levantadas por deputados e senadores.
Entre as principais queixas, destaca-se a demora do governo em liberar o pagamento das emendas parlamentares, bem como as ações do ministro Flávio Dino que estariam travando a tramitação desses recursos. Além disso, há um descontentamento generalizado com a promessa de mudanças ministeriais que não se concretizaram e com os “torpedos” disparados por assessores presidenciais contra os parlamentares. A insatisfação de Motta com as comparações a Arthur Lira (PP-AL) e a irritação de Alcolumbre com a “operação” para transferir o ônus da queda dos vetos presidenciais para o Congresso são exemplos claros do clima de tensão.
Davi Alcolumbre, em particular, acusou o governo de má-fé ao alegar que a derrubada dos vetos custaria R$ 35 bilhões, quando, segundo ele, o valor não ultrapassaria R$ 1,2 bilhão. Ele ressaltou que a MP que o governo estava preparando teria um custo ainda maior, na casa dos R$ 10 bilhões. Apesar das críticas contundentes, Alcolumbre deixou claro que as portas para o diálogo estão abertas, sinalizando que a votação do IOF foi apenas um capítulo de uma “novela” que o governo ainda pode mudar o final, desde que entenda os recados passados pelo Legislativo.
Este cenário exige do governo Lula uma postura mais proativa e transparente na relação com o Congresso. A construção de consensos e a liberação de recursos para as emendas parlamentares são passos cruciais para reverter o quadro de insatisfação e garantir a governabilidade. A derrota na questão do IOF serve como um alerta de que a pauta econômica será um campo de batalha constante, e a capacidade de negociação do Executivo será posta à prova para evitar novos reveses e assegurar a estabilidade política do país.
