Tarifaço de Trump: governo Lula seguirá na defesa da soberania para fragilizar Bolsonaro e seu grupo

O governo Lula intensificará sua estratégia política e técnica contra o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a produtos brasileiros. A medida visa defender a soberania nacional e fragilizar o grupo de Jair Bolsonaro, que, segundo o governo, estaria se alinhando aos interesses de Trump.

POLÍTICA

William Campos

7/14/20252 min read

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está intensificando sua estratégia para combater o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A ofensiva, que se desdobrará tanto no campo político quanto no técnico, tem como objetivo principal defender a soberania nacional e, ao mesmo tempo, fragilizar a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu grupo político, que, na visão do governo atual, estariam se alinhando aos interesses de Trump em detrimento dos interesses brasileiros.

No âmbito político, a estratégia do governo Lula prevê uma intensificação do discurso nas redes sociais e nas entrevistas do próprio presidente. A ideia é liderar o debate público, focando em temas como a justiça tributária e a união do país contra o que é considerado um ataque de Donald Trump, em associação com Bolsonaro, aos interesses do Brasil e de seus cidadãos. Essa abordagem visa criar uma narrativa que associe a medida de Trump a uma tentativa de desestabilização política interna, buscando isolar o grupo bolsonarista e fortalecer a posição do governo Lula.

No campo técnico, o governo planeja regulamentar a Lei da Reciprocidade Econômica. Essa medida será utilizada caso as tarifas de 50% sejam mantidas, permitindo ao Brasil retaliar com medidas equivalentes. Além disso, estão previstas reuniões com empresários brasileiros para definir uma estratégia de negociação com o governo de Donald Trump. A criação de um comitê integrado por representantes do governo e do setor empresarial demonstra a seriedade com que o tema está sendo tratado e a busca por uma solução conjunta para mitigar os impactos econômicos do tarifaço.

Enquanto isso, a pressa demonstrada por bolsonaristas para que a pressão de Trump surta o efeito desejado – ou seja, evitar que Bolsonaro e seus ex-assessores sejam condenados em processos judiciais – está diretamente ligada ao ritmo do julgamento da ação penal. O chamado "núcleo crucial" da trama golpista, que inclui o ex-presidente e sua equipe, pode ser julgado em breve, possivelmente até setembro. Por essa razão, os bolsonaristas insistem que a única forma de o país ser "perdoado" por Trump é a aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita para os envolvidos nos atos considerados golpistas. No entanto, a avaliação dentro do Legislativo é que aprovar tal anistia em resposta a uma "chantagem" de Trump seria o mesmo que o país perder sua soberania, tornando a proposta inviável no curto prazo.

No Supremo Tribunal Federal (STF), o processo segue seu curso normal. A Procuradoria Geral da República (PGR) entregará nesta segunda-feira as alegações finais contra o núcleo crucial, acusado de planejar o golpe para evitar a posse de Lula. Paralelamente, a Primeira Turma do STF começará a interrogar os réus dos núcleos 3 e 4, que, segundo a PGR, foram responsáveis por colocar em prática o plano elaborado pelo núcleo central. A situação demonstra a complexidade do cenário político e jurídico brasileiro, com desdobramentos que podem impactar significativamente o futuro do país.